Para
além da austeridade aplicada ao português comum os funcionários
públicos tiveram um corte de 10% do vencimento, pagam mais
contribuições, tiveram maiores penalizações no caso das reformas
antecipadas e perderam dois subsídios. Qual foi a posição de quase todos
os que agora protestam e acusam o governo de brutalidade? Ficaram
calados, optaram pelo cinismo de ficarem em silêncio pensando que se
sacrificavam alguns portugueses e os outros se escapavam.
Por cá enquanto a austeridade atingiu os funcionários públicos ninguém se importou, quando se aumentaram os impostos sobre o consumo dos mais pobres ninguém se importou, quando se aumentaram os passes sociais e se cortaram nas prestações sociais ficaram calados, quando os professores começaram a ser despedidos em massa ninguém protestou, mas agora que a brutalidade da austeridade chegou sob a forma de meia dose aos jornalistas, aos advogados e a muitos opinion maker aqui del Rei que a austeridade é demais.
Por cá enquanto a austeridade atingiu os funcionários públicos ninguém se importou, quando se aumentaram os impostos sobre o consumo dos mais pobres ninguém se importou, quando se aumentaram os passes sociais e se cortaram nas prestações sociais ficaram calados, quando os professores começaram a ser despedidos em massa ninguém protestou, mas agora que a brutalidade da austeridade chegou sob a forma de meia dose aos jornalistas, aos advogados e a muitos opinion maker aqui del Rei que a austeridade é demais.
Os funcionários públicos podiam perder o
equivalente a 3,4 vencimentos que não havia problema, estava tudo a
correr sobre rodas, mas quando os outros têm de pagar o equivalente a um
vencimento é o ai Jesus que o país já não aguenta mais austeridade, até
parece que até aqui tudo estava a correr bem e que a austeridade estava
a ser ministrada em doses equilibradas e de forma inteligente e
competente. Os
que pensavam que se sacrificavam os funcionários públicos numa noite
dos cristais e tudo estava resolvido enganaram-se.
Mas mais uma vez temos que recordar o famoso poema de Bertolt Bretch:
Mas mais uma vez temos que recordar o famoso poema de Bertolt Bretch:
Primeiro levaram os negros
Mas não me importei com isso
Eu não era negro
Em seguida levaram alguns operários
Mas não me importei com isso
Eu também não era operário
Depois prenderam os miseráveis
Mas não me importei com isso
Porque eu não sou miserável
Depois agarraram uns desempregados
Mas como tenho meu emprego
Também não me importei
Agora estão me levando
Mas já é tarde.
Como eu não me importei com ninguém
Ninguém se importa comigo.
Bertold Brecht (1898-1956)
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