terça-feira, 9 de março de 2010

Pobres plátanos, deformados, vilmente podados, mas sempre orgulhosos…

Família: Platanaceae
Nome científico do género: Planatus
Nome vulgar: plátano

No concelho de Odivelas existem plátanos em todas as freguesias. É uma árvore de sombra por excelência. Estes plátanos não devem ser descendentes do famoso “Plátano de Hipócrates” existente na ilha Grega de Cós, à sombra do qual, o “pai da medicina moderna”, tratava os seus doentes. Mas, não tendo esta descendência aristocrática, não deixam por isso de ser excelentes árvores. Fui vê-los, à freguesia de Caneças, no Lugar de Além.

Palavras para quê?


A melhor homenagem que lhes posso fazer, é dedicar-lhes a Ode aos Plátanos de Jorge de Sena, também ele um acérrimo defensor destas belas árvores.

Ode aos Plátanos

Queda de folhas com que a aragem soa
a luz do sol em sombras sobre os vossos troncos
de esverdinho ouro secular
- ó plátanos dourados e nodosos! –
que sempre o mesmo Outono vos consola,
dormência igual, Inverno já tão próximo,
carícia vegetal de esquecer tudo,
folhas tombando, esguios ramos hirtos,
tão doloroso e fácil contemplar-vos!,
tão lentidão de sombras mais antigas
que a dança cadenciada de escutar-vos.
Troncos, rochedos, grenha de braçadas,
chiar de sonhos, solidão musgosa,
e as folhas caem por entre a limpidez
de um ar sonoro levemente azul.
Ligeiras, secas, já de sempre ouvidas,
as folhas correm pelo saibro húmido.
Nas noites frias, rígidas, metálicas,
de sono lúcido e profundo além névoa,
com vossos ramos nus tão numerosos,
que nevoeiros calmos esfarraperais!
- ó plátanos dourados e nodosos!...

(Jorge de Sena, Pedra Filosofal, 1950; Poesia I)

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