quarta-feira, 17 de março de 2010

Que riscos para a saúde pública podem resultar da exposição aos campos electro-magnéticos das linhas de Alta Tensão?

Muito se tem escrito e falado sobre as linhas de Alta Tensão, não só no concelho de Odivelas, como noutros concelhos. Recentemente, alguns partidos políticos e movimentos cívicos, descobriram as linhas de Alta Tensão em Odivelas. Estranho, porque elas já cá estavam há uns anos, e pelo que verifiquei nos ortofotomapas, os postes foram colocados em locais onde não haviam casas. As casas construíram-se junto, ao lado ou até por baixo das linhas de Alta Tensão e as pessoas compraram-nas. E agora são essas mesmas pessoas que reclamam da sua localização. Importa no meu entender, fazer a seguinte pergunta:

Que riscos para a saúde pública podem resultar da exposição aos campos electro-magnéticos das linhas de Alta Tensão?

José Luís Pinto de Sá, Prof. Dr. Eng.º INSTITUTO SUPERIOR TÉCNICO, fornece-nos a seguinte explicação:

A resposta depende das instituições em que confiarmos.

A Organização Mundial de Saúde, por exemplo, considera presentemente que para campos muito intensos, no que diz respeito ao campo magnético só valores acima de 500 microtesla podem ter algum efeito sobre o sistema nervoso, mas mesmo nas piores condições o campo magnético das linhas de Muito Alta Tensão não ultrapassa os 30 microtesla. Quanto ao campo eléctrico, aquela organização considera que só há efeitos sobre o sistema nervoso (e não necessariamente nocivos) acima dos 10 kV/m, o que só é possível de atingir muito perto dos condutores de Alta Tensão. Estes limiares correspondem a reconhecidos efeitos agudos e foram traduzidos numa recomendação da OMS de 1998, adoptada pela Comunidade Europeia em 1999 e que veio a ser transposta para a lei portuguesa em 2004, contendo factores de segurança adicionais para o público em geral.
Além destes efeitos agudos, a OMS considera ser possível, embora não seja provado nem sequer provável, que campos magnéticos de muito mais baixa intensidade possam estar associados a algumas raras formas de cancro para o que recomenda a adopção de medidas de precaução desde que não ponham em causa os benefícios sociais para a medicina da electricidade, e tenham custos baixos ou nulos.

Estas posições são também adoptadas pelos organismos de Saúde da Comunidade Europeia.

Muitas instituições científicas mundiais, como a Sociedade Americana de Física, a Academia de Ciências norte-americana e Associações Internacionais de Engenheiros Electrotécnicos, não reconhecem de todo qualquer risco na exposição a campos electromagnéticos de baixa intensidade.
Porém, há uma instituição incorporando alguns cientistas, o Grupo internacional “Bioiniciativa”, que considera os campos electromagnéticos, que designa por “radiações”, suspeitos de serem causa de uma extensa lista de patologias similares às atribuídas à radioactividade, e que reclama medidas radicais contra as fontes de campos electromagnéticos, nomeadamente o enterramento generalizado das linhas de Alta Tensão.

Face aos diferentes entendimentos científicos sobre este assunto, urge então perguntar?

É possível enterrar ou desviar as linhas de Alta Tensão no concelho de Odivelas? Quais os custos? Suportados por quem?

Só depois de obtermos uma resposta a estas questões, será correcta uma tomada de posição por parte dos partidos políticos. Qualquer outra coisa poderá ser considerada politiquice e disso estamos todos fartos.

Sem comentários: